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CINEASTA DO TOCANTINS CONQUISTA 3 PRÊMIOS COM "O BARULHO DA NOITE"

Eva Pereira concedeu uma entrevista exclusiva ao jornalista Fernando Hessel, Observador-Chefe da Casa Branca nos EUA.

FERNANDO HESSEL - Washington, DC

11/09/2024

| Atualizado em

10/09/2024

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CINEASTA DO TOCANTINS CONQUISTA 3 PRÊMIOS COM "O BARULHO DA NOITE"

 

WASHINGTON, DC - “O Barulho da Noite”, dirigido pela cineasta tocantinense Eva Pereira e estrelado por Emanuelle Araújo e Marcos Palmeira, conquistou o grande prêmio no 28º Inffinito Film Festival de Miami. O festival, que ocorreu na cidade de Miami, Flórida, entre 30 de agosto e 7 de setembro, celebrou a excelência do cinema brasileiro, e o filme de Eva Pereira se destacou, levando três troféus Lente de Cristal: Melhor Filme, Melhor Direção e Melhor Atriz Coadjuvante para Alícia Santana.

Produzido no Tocantins, o longa não apenas chamou a atenção pela sua qualidade cinematográfica, mas também trouxe um merecido orgulho para a região. O festival também premiou “Evidências do Amor”, dirigido por Pedro Antônio e estrelado por Fábio Porchat e Sandy, como Melhor Filme do Público. O prêmio de Melhor Ator foi para Caio Blat por sua performance em “Grande Sertão”, dirigido por Guel Arraes, e o de Melhor Atriz para Ana Luiza Rios por “Mais Pesado é o Céu”, de Petrus Cariry. Sophie Charlotte, que representou “Meu Nome é Gal” em Miami, recebeu o Prêmio Especial do Júri.

Durante a cerimônia no O Cinema South Beach, o festival prestou homenagem à produtora Renata Almeida Magalhães, presidente da Academia Brasileira de Cinema e a primeira mulher a assumir o cargo.

Vencedores do Troféu Lente de Cristal 2024:

- Melhor Filme: O Barulho da Noite de Eva Pereira
- Melhor Direção: Eva Pereira por O Barulho da Noite
- Melhor Roteiro: Petrus Cariry, Rosemberg Cariry, Firmino Holanda por Mais Pesado é o Céu
- Melhor Fotografia: Petrus Cariry por Mais Pesado é o Céu
- Melhor Ator: Caio Blat por Grande Sertão, de Guel Arraes
- Melhor Atriz: Ana Luiza Rios por Mais Pesado é o Céu, de Petrus Cariry
- Prêmio Especial do Júri: Sophie Charlotte por Meu Nome é Gal, de Dandara Ferreira e Lô Politi
- Melhor Atriz Coadjuvante: Alícia Santana por O Barulho da Noite
- Melhor Filme do Público: Evidências do Amor, de Pedro Antônio
- Melhor Curta-Metragem do Público: Bodas de Ouro, de Lisa Gomes

Eva Pereira, nascida e criada no Tocantins, tem se destacado no cenário cinematográfico nacional e internacional por sua visão única e compromisso com a cultura local. Seu trabalho é uma poderosa celebração da rica diversidade e das tradições do Norte do Brasil. Com uma abordagem inovadora e sensível, ela explora temas profundos relacionados à identidade regional, à natureza e às questões sociais, oferecendo uma perspectiva autêntica e valiosa sobre a vida e as histórias da sua terra natal.

Além de sua contribuição como cineasta, Eva é uma fervorosa ativista cultural, empenhada em promover e preservar a cultura tocantinense e a arte regional, garantindo que o brilho do Tocantins ressoe além das fronteiras do Brasil.

 

ENTREVISTA EXCLUSIVA COM EVA PEREIRA EM MIAMI

Fernando Hessel: Antes de mais nada, gostaria de parabenizá-la pelo sucesso de “O Barulho da Noite” no 28º Inffinito Film Festival de Miami. Como você se sente com essa conquista?

Eva Pereira: Muito obrigada! É uma honra imensa estar entre os selecionados para um festival tão importante para a cultura brasileira e para o cinema nacional. O Inffinito Film Festival, com sua 28ª edição, tem um papel crucial na difusão da nossa arte e talento. Ser reconhecida ao lado de grandes produções e diretores que admiro já foi incrível por si só.

Fernando Hessel: Você mencionou a importância de estar entre grandes produções. Como foi a experiência de apresentar um filme que retrata a realidade do Norte do Brasil em um festival internacional?

Eva Pereira: Apresentar “O Barulho da Noite” foi extremamente emocionante e impactante. O filme retrata uma realidade crua e sem filtros do Sertão, algo muito acentuado no Norte do Brasil. A recepção do júri foi inesperada e tocante, especialmente porque o filme aborda temas universais, mas com um olhar bem específico para nossa região. Na sessão, eu estava tão emocionada que não consegui levantar da cadeira quando terminou; o impacto foi profundo.

Fernando Hessel: Você mencionou o tempo dedicado ao projeto. Pode nos contar mais sobre os desafios e as conquistas ao longo desse caminho?

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Eva Pereira: Foram 20 anos dedicados a contar essa história. Esse período foi essencial para a realização do filme, e eu tive a sorte de contar com uma equipe incrível que abraçou o projeto com paixão e dedicação. O filme foi produzido pela MZN Filmes e Cunhã Porã Filmes, com co-produção do Canal Brasil, Bananeira Filmes e Telecine, e distribuição pela Lira Filmes. Cada parceiro trouxe uma contribuição vital, e o suporte coletivo foi fundamental para a concretização desse sonho. A realização desse projeto não seria possível sem o empenho e a colaboração de todos os envolvidos.

Fernando Hessel: E como foi a reação ao receber os prêmios de Melhor Direção e Melhor Filme?

Eva Pereira: A reação foi surreal. Quando anunciaram Melhor Direção, eu não acreditei de imediato e precisei de um momento para processar. O prêmio de Melhor Filme foi a cereja do bolo. Não esperava por isso, e foi uma validação enorme do trabalho de toda a equipe. Essa conquista é um forte reconhecimento não só para o filme, mas para a luta que ele representa.

Fernando Hessel: Como você vê a importância desse reconhecimento para o cinema tocantinense e para a luta que o filme aborda?

Eva Pereira: Esse reconhecimento é um marco para o cinema tocantinense. É a primeira vez que uma ficção produzida integralmente no Tocantins chega a um festival internacional na categoria de ficção. O filme é uma expressão de muitas vidas e histórias, e essa vitória fortalece a luta que o filme traz à tona, como a questão do código penal brasileiro. É uma missão de vida e uma forma de dar voz a um grito que precisa ser ouvido.

Fernando Hessel: Para encerrar, você gostaria de dedicar esse prêmio a alguém especial?

Eva Pereira: Sim, eu dedico meu prêmio de direção a uma mulher que está há sete anos esperando o julgamento de um caso gravíssimo. Ela foi vítima de um crime horrível e teve que deixar o Tocantins para viver na Espanha. Esse prêmio é para ela e para todas as pessoas que lutam por justiça e reconhecimento.

Fernando Hessel: Muito obrigado, Eva, por compartilhar sua história e suas emoções conosco. Parabéns novamente pelo sucesso!

Eva Pereira: Eu que agradeço pelo espaço e pelo apoio. É um filme que representa muito para mim e para todos envolvidos. Um beijo e muito obrigada!