Tocantins 31° C

Tomar remédios por conta própria traz riscos à audição

Atualmente há mais de 200 remédios ototóxicos; a perda auditiva pode ocorrer por causa do hábito de tomar frequentemente certos medicamentos, como aspirina

03/07/2018

| Atualizado em

03/07/2018

854

Tomar remédios por conta própria traz riscos à audição

Palmas, TO - O uso prolongado, em altas doses, de quase 200 medicamentos, pode provocar tonteira, zumbido e até mesmo a perda de audição. Diuréticos, pílulas anticoncepcionais e antiinflamatórios, consumidos de forma indiscriminada, estão entre esses remédios de risco. Eles podem causar lesões graves – algumas vezes irreversíveis – nas partes do ouvido humano responsáveis pela audição e pelo equilíbrio. Muitos contém salicilato de sódio. A aspirina, por exemplo, está entre os remédios ototóxicos mais comuns. Seu consumo é exagerado, até para fins terapêuticos. Por isso, o melhor é seguir a orientação de um médico.

A fonoaudióloga Isabela Papera, da Telex Soluções Auditivas, alerta para os riscos da automedicação. “Infelizmente, é comum as pessoas tomarem remédios por conta própria, influenciadas pela indicação de vizinhos e amigos, o que é perigoso. As substâncias conhecidas como ototóxicas podem causar lesões graves e, muitas vezes, irreversíveis à cóclea, a parte do ouvido humano responsável pela audição”, ressalta.

Mas é importante lembrar que muitos desses remédios são essenciais no tratamento de doenças. Por isso, o ideal é que, antes de iniciar o tratamento, sejam feitos exames para verificar se já existe alguma lesão auditiva que possa se agravar com o uso do remédio.

Quimioterápicos usados no tratamento de câncer, antibióticos da família dos aminoglicosídeos – usados na prevenção e no tratamento de infecções pós-operatórias e até no combate à tuberculose – além de antineoplásicos e antimaláricos também fazem parte da lista de remédios que podem acarretar danos à audição. É um dilema enfrentado pelos médicos. Bebês prematuros também correm riscos, já que precisam tomar antibióticos para combater determinadas infecções respiratórias.

“Os recém-nascidos com baixo peso são muito expostos a infecções e precisam desses remédios. Por isso é preciso cuidado redobrado. Hoje o teste da orelhinha é obrigatório, logo após o nascimento do bebê, para verificar se ele tem algum dano auditivo”, lembra a fonoaudióloga, que é especialista em audiologia. A situação é ainda pior para aqueles bebês que precisam passar um bom tempo na incubadora, porque, além dos remédios, eles são prejudicados pelo barulho nas incubadoras, que pode chegar a até 100 decibéis.

A perda auditiva causada por medicamentos ototóxicos, ainda na infância, pode gerar problemas na fala e no aprendizado, afetando o desenvolvimento infantil como um todo. “Nesses casos, a perda auditiva é irreversível e o processamento do som sofre prejuízo. Perde-se a capacidade de perceber com clareza a voz humana, os sons do ambiente e até a própria voz”, explica Isabela.

Os efeitos da ototoxidade dos remédios são amplos e atingem indivíduos de todas as idades. Nos ouvidos, esses medicamentos causam uma perda neurossensorial, temporária ou definitiva, de grau variado (de leve à profunda), de acordo com o remédio, a dose ingerida e o tempo de tratamento.

“Aconselho a quem suspeita de alguma dificuldade auditiva que procure um médico otorrinolaringologista o mais rápido possível. A perda auditiva pode ter muitas causas: trauma acústico, infecções, idade avançada, mas pode ser conseqüência também do uso prolongado de um medicamento ototóxico”, conclui a fonoaudióloga da Telex.